BIOQUÍMICA DO AMOR - PARTE 2

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Bem-vindos a segunda parte do nosso artigo inspirado no livro Por que Amamos – A Natureza Química do Amor Romântico, de Helen Fisher. Se você ainda não leu a primeira parte, peço que clique aqui para ter acesso a mesma.

Durante anos Helen estudou a atividade cerebral de pessoas apaixonadas e o resultado disso foi a descoberta das áreas que são ativadas quando vivemos experiências de amor e as alterações que ocorrem em nosso cérebro com o passar do tempo.

Ela identificou a existências de três fases do amor: Desejo (luxúria), Amor Romântico (Paixão) e Compromisso (Apego). Cada uma dessas fases percorre uma rede neural específica, ou seja, cada fase ativa substâncias químicas cerebrais diferentes, provocando reações e comportamentos distintos nos indivíduos.

Assim, podemos dizer que a bioquímica no cérebro de um indivíduo que está numa festa e se sente atraído sexualmente por alguém no local é diferente se comparada a de um indivíduo que está apaixonado e namorando, ou a de alguém que está em um casamento estável de anos.

Então, vamos entender melhor cada uma dessas fases do amor.


FASE 1 - DESEJO/ LUXÚRIA


Caracteriza-se pela necessidade de satisfação sexual e está fortemente ligada com a testosterona. É a luxúria que impele o indivíduo a se relacionar sexualmente com qualquer pessoa sem compromisso. 

Ela vem do cérebro reptiliano e é pura reprodução instintiva. É instantânea e transitória podendo mudar constantemente em uma pessoa.

Um exemplo disso é a famosa “pegação” que ocorre nas baladas e no carnaval, onde os relacionamentos são rápidos e sem compromisso.


FASE 2: AMOR ROMÂNTICO/PAIXÃO


Esta fase está relacionada com a atividade da dopamina, norepinefrina e serotonina. Aqui já existe uma conexão emocional entre os indivíduos. 

Nesta fase tudo é novo e muito intenso, um típico exemplo é o romance Romeu e Julieta. Queremos estar com a pessoa o tempo inteiro, ficamos horas conversando euforicamente no telefone sem perceber o tempo passar e muito vezes literalmente perdemos o sono (norepinefrina). Quando não podemos estar com a pessoa sofremos profundamente. Aqui ocorre aquela montanha-russa de emoções, uma verdadeira novela mexicana.

É o clima de lua-de-mel, onde o casal deixa o mundo de lado para viver intensamente a paixão entre eles. É extremamente prazeroso estar com a pessoa amada e fazemos de tudo para ficar ao lado dela. É o circuito dopaminérgico de prazer e recompensa do cérebro em ação.

Sem falar nos pensamentos insistentes que cruzam a nossa mente o tempo inteiro trazendo a imagem da pessoa amada dia e noite, característico da serotonina em baixa, como vimos no artigo anterior.

Este coquetel bioquímico da fase da paixão pode ser literalmente viciante.

O desejo também está muito presente na paixão, onde a necessidade de contato físico é grande. A paixão não pode ser cultivada sem luxúria, embora um casal possa permanecer apaixonado um pelo o outro depois que a luxúria diminuir ou até mesmo desaparecer (como ocorre na fase do Compromisso). 

A morte da paixão é forçada pela falta de experiências compartilhadas e falta de novidades. Por este motivo que muitos casais, depois de um tempo de relacionamento, sentem a necessidade de dar umas “escapadinhas”, fazer algo fora da rotina para reacender a chama da paixão.


FASE 3: COMPROMISSO/ APEGO


Esta fase é marcada pela presença dos sentimentos de segurança, intimidade e união. É aquele amor calmo, sereno e estável. É onde observamos a ação da ocitocina e vasopressina.

O compromisso ocorre quando a paixão entre o casal evolui até o ponto de se tornar um amor incondicional. É quando você aceita emocionalmente e ama as falhas da outra pessoa tanto quanto as qualidades. 

É o relacionamento longo e sólido, que sobrevive aos altos e baixos, ao contrário do que ocorre na fase dois, onde os altos e baixos costumam ser suficientes para que a paixão termine.



Segundo a teoria de Fisher sobre as três fases do amor, podemos dizer, resumidamente, que a luxúria é instantânea e vem constantemente, sendo muito fácil de recuperá-la uma vez perdida. Já a paixão leva de alguns dias a algumas semanas para surgir, e geralmente fica por 3-6 meses. 

Em casais com forte compatibilidade, a paixão perseverará até a fase do compromisso, desde que haja dedicação e comunicação suficientes para que este vínculo se consolide. 

Segundo esta teoria, o compromisso surge depois de 1-3 anos de união do casal e permanece durante toda a vida, a menos que uma ou ambas as partes de um relacionamento mudem individualmente a ponto de se tornarem prejudiciais um para o outro, como ocorre nos casos em que um dos conjugues se torna alcoólatra, por exemplo.



Bem, o material da Helen Fisher é vasto e denso. Aqui estamos apresentando um resumo bem simplório do trabalho dela, como uma introdução para aqueles que sintam o desejo de se aprofundar no assunto.

Vale lembrar que embora as informações apresentadas por ela sejam baseadas em estudos científicos, sempre existem as exceções e variações, nem tudo é uma regra fixa.

Isso não é uma fórmula mágica ou milagrosa, mas um conjunto de importantes informações que nos permitem conhecermos e entendermos os processos cognitivos e neurobiológicos relacionados à atração e ao amor. Uma vez que entendemos o que ocorre conosco e com o outro em termos de bioquímica, fica muito mais fácil encontrarmos respostas e adotarmos comportamentos mais assertivos em nossos relacionamentos. 


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