Mindfulness: Quais os benefícios de estar no tempo presente?

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Mindfullness Meditação Atenção Plena

O episódio dos meninos presos na caverna trouxe ao debate a quanto à tomada da consciência, da respiração e da meditação podem ter impacto profundo em nossas vidas até mesmo em situações demasiadamente estressante. Esse processo simplesmente pode transformar a forma a qual nos relacionamos com a gente mesmo e com tudo a nossa volta.

Não é de hoje que ouvimos relatos de várias pessoas que se salvaram de situações graves por meio da meditação e da respiração. Danny Penman, escritor e divulgador do mindfulness, é um grande exemplo de alguém que passou por um acidente e foi por meio da concentração em sua respiração que conseguiu sobreviver até a chegada do resgate.

Assim, entendemos que o mindfulness é algo que está disponível para nós em todos os momentos e possui efeito transformador na nossa vida diária, na qualidade da nossa consciência, mantendo-a viva para o reconhecimento dos eventos mentais no presente até tolerar até grandes dificuldades.

Mas afinal, o que é o Mindfulness? De onde surgiu?

O Mindfulness, cuja tradução livre para o português mais usual é Atenção Plena. É a capacidade intencional de reconhecermos o que está acontecendo no momento presente sem julgamentos e críticas com abertura e curiosidade, ou seja, estar totalmente no presente, como você se sente no agora.

A meditação e o Mindfulness são práticas orientais budistas praticadas há quase 3 mil anos, embora a atenção plena não seja vinculada à religião, tem suas raízes sim no budismo. Nos últimos anos, principalmente nas décadas de 60 e 70, a meditação foi muito associada à cultura hippie, mas seus benefícios se infiltraram na sociedade de maneira geral juntamente com outras terapias alternativas e com a prática do yoga.

No mundo atual temos muitos estímulos simultâneos e isso pode nos levar a diversos estados mentais que podem causar ansiedade, estresse, pensamentos acelerados e até mesmo levar a depressão. Perceber como as coisas são diminuem essas sensações. Portanto, ao praticar a atenção plena, trazemos o reconhecimento dos eventos mentais no presente, pois aprendemos a perceber tudo o que se passa na nossa mente, no nosso corpo e ao nosso redor. E quando nos tornamos mais atentos, nossas intenções e nossas ações ficam mais alinhadas, deixamos de ser desviados a todo o momento, ou seja, adquirimos foco.

Embora a atenção plena possa ser considerada uma capacidade inata do ser humano e isso é muito fácil ao se observar uma criança, ao longo dos anos vamos perdendo essa capacidade pois cada vez mais vamos nos ligando ao piloto automático. Embora ter o modo piloto automático seja importante para algumas tarefas no nosso dia a dia, quando cedemos demais a esse modo, podemos acabar pensando, trabalhando, comendo e fazendo diversas coisas sem uma consciência do que realmente estamos fazendo e com isso, uma boa parte da nossa vida vai se passar sem de fato vivenciarmos o momento.

Mindfullness Meditação Atenção Plena
A pratica de atenção plena tem sido amplamente estudada nas mais famosas instituições médicas e universidades no mundo, especialmente nos últimos anos, pelos benefícios físicos e psicológicos e seu papel no desenvolvimento pessoal e por isso tem sido amplamente divulgada. Aliada à terapia cognitiva comportamental, tem auxiliado no tratamento de doenças como ansiedade, depressão, estresse e diversos vícios. Estudos mostram que a meditação baseada na atenção plena quando feita regularmente aumenta a imunidade, reduz a dor crônica, (inclusive causada pelo câncer), aumenta a sensação de felicidade e de positividade, alivia estressores que levam a hipertensão e doenças cardíacas e aumentam a concentração, a memória e vigor físico. Com isso, a pessoa pode ter uma vida mais longa e saudável.

A melhora da memória e diminuição da irritabilidade também aparecem com sessões regulares de meditação. Os meditadores regulares também tem relacionamentos melhores e mais gratificantes. A prática da meditação baseada na atenção plena ajuda a cultivar uma consciência profunda e compassiva que nos permite avaliar nossas metas e encontrar o melhor caminho para agir de acordo com nossos verdadeiros valores. Traz tranquilidade ao corpo, melhora a insônia, desenvolve estabilidade, inteligência emocional, controle de impulsos e compulsões. Enfim, a atenção plena nos ajuda a viver uma coisa de cada vez.

A atenção plena nos encoraja a romper com os hábitos de pensamentos e comportamentos que nos impedem de aproveitar plenamente a vida. Grande parte da auto crítica e dos julgamentos internos surge a partir da maneira como costumamos pensar e agir. Ao quebrar algumas de suas rotinas diárias, aos poucos você dissolverá alguns desses padrões de pensamentos negativos e se tornará mais atento e consciente.

O Mindfulness é diferente das outras meditações?

O mindfulness é um estilo de vida que nada tem haver com atividade mística, religiosa ou iluminação. Trata-se de uma prática que promove aguçamento da atenção e do foco no qual se utiliza a respiração como eixo principal ou âncora da meditação, pois nada mais natural e próprio do que a respiração. Ela é o que nos traz ao presente.

Outro ponto diferencial da atenção plena é que na meditação na atenção plena não precisamos esvaziar a mente: o que precisamos fazer é deixar as distrações e pensamentos em segundo plano, ou seja, saber que eles estão ali, mas não nos deixar levar por eles.

O mindfulness pode ser praticado em qualquer lugar e fazendo qualquer atividade. Não precisamos sentar em posição de lótus, e ficar plenamente em silêncio para entrar em conexão, mas quanto mais você conhece sobre o mindfulness mais você irá descobrir diversas maneiras de meditar praticando a atenção plena e irá descobrir o quão transcendental pode ser e quantas experiências podemos ter a qualquer momento.


Características da Atenção Plena

Não julgamento: É comum, na nossa vida diária, o julgamento e a categorização automática de tudo, inclusive dos nossos sentimentos e pensamentos. Na prática da atenção plena, é importante reconhecer quando eles aparecem e intencionalmente colocar-se como uma testemunha imparcial e apenas observar, e também lembrar de não julgar os seus julgamentos!

Paciência: Se permita aceitar e aprender no seu tempo, desenvolver a meditação no seu ritmo.

Mente de principiante: Tenha uma mente aberta, fresca, que observa com curiosidade, livre de expectativas baseadas em experiências anteriores, se permita estar receptivo a novas experiências e novas possibilidades.

Confiança: Acredite em si mesmo, confie em sua intuição, reconheça que você é a maior autoridade no que diz respeito a você e a seu corpo e sentimentos.

Não resistência: Não se force a alcançar determinado objetivo.

Aceitação: Veja as coisas como elas são realmente no presente. Quando não aceitamos algo, estamos gastando energia com coisas que não podemos mudar, negando ou resistindo aos fatos e sobra pouca energia para fazer as mudanças necessárias, para agir.

Desapego: Não se agarre ou não resista a determinados pensamentos ou sentimentos. Em meditação, praticamos intencionalmente deixar de lado a tendência de elevar alguns aspectos de nossa experiência e rejeitar outros. Desapegar é uma forma de deixar estar, de aceitar as coisas como elas são.

Como começar?

Ao ler tudo isso, bate uma empolgação, pois parece muito fácil e simples, contudo a atenção plena é um estilo de vida que exige esforço, dedicação e prática regular. Ao longo do tempo, você terá os benefícios sobre a sua  saúde, bem-estar e  felicidade e, por ser uma prática, não é um conceito abstrato, ou seja, o seu cultivo é um processo, que se desenrola e se aprofunda com o tempo e, portanto, é mais eficaz se você assume um compromisso sério consigo mesmo. E isso exige persistência e disciplina, e ao mesmo tempo, certa dose de despreocupação e leveza.

Com o tempo e a prática diária e constante, gradualmente você adquire as habilidades, então, comece devagar. Com apenas 5 minutos por dia, um cronometro e um cadeira, você já pode iniciar.

Meditação básica

Lembra que falamos   que a respiração era a âncora principal da atenção plena? Então vamos lá, começaremos com ela. Procure um local tranquilo, sente-se e procure não ser interrompido. Configure o cronômetro para tocar em 5 minutos. Se utilizar o celular, deixe-o no modo silencioso.

Sente-se confortavelmente. Da forma que você achar melhor, desde que se sinta confortável. Feche os olhos. Inspire lentamente e pense “subindo” enquanto o ar entra pelo nariz. Expire lentamente e pense “descendo” enquanto o ar sai pela boca. Concentre a atenção da mente bem no meio da testa.

Continue a respira, pensando “subindo” na inspiração e “descendo” na expiração. Caso sinta algum incômodo, deixe para lá. Quando a mente devanear em pensamentos aleatórios, traga-a gentilmente de volta ao ponto central no meio da testa.

Quando o cronometro apitar, abra os olhos lentamente. Pare por um segundo e perceba como você se sente. Alongue braços e pernas, levante-se e alongue-os novamente. Faça uma pausa por um segundo. Entre em sintonia com a sua mente, com o corpo e com os sentimentos. 

Ao final de cada prática sempre faça uma pequena reflexão de como você se sente?



Dra. Danielle Fava (CRN 326112)
Nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Pós-Graduada em Saúde da Família pela FGF, Pós-Graduanda em TEA pela CBI of Miami e Graduanda em Pedagogia pela UNINOVE. Profissional com 10 anos de experiência em nutrição clínica e ambulatorial desenvolvidos em hospital, consultório, ambulatório e unidade básica de saúde, com foco em nutrição clínica, materno infantil, geriatria/gerontologia, psicologia da alimentação e educação nutricional. Trabalha como a abordagem da Nutrição Comportamental e conceitos da Alimentação Consciente e Intuitiva (Mindful Eating e Intuitive Eating) e possui diversos cursos em terapias integrativas. Realiza atendimentos em São Paulo.
Facebook: dradaniellefava | IG:@dradaniellefava 

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